domingo, agosto 29, 2010

o demônio do bem' 6.6




Tanta gente nesse mundo é enganação, pare pra pensar, de verdade: quem é que é alguma porra realmente? O mundo é dividido entre os que fazem encenação, que dá aí uns bons oitenta e cinco por cento (procure por aí, as pessoas em festa como se cada movimento fosse um clique de foto, o jeito de sentar milimetricamente calculado para nada querer dizer, procure, tantas poses com a bebida na mão e o cigarro na outra, procure por aí os olhares misteriosos, se dando uma importância transcendental com o charme de não aparentar nenhuma, os saltos, os jogos de tortura mental, ligo na terça pra dar tempo dela sentir falta na segunda, sair por cima é a única saída, procure, são tantos os tipos, eruditos preenchidos do sentir externo, felizes de morrer, tristes de matar, artistas papagaios, piadistas sem humor próprio, “autênticos” em série, tudo fruto de ensaio, tudo fruto de frase pronta ou sensação copiada) e os que simplesmente desistiram da vida toda (os que vagam semi mortos, não se importam mais com machucados, cartas, barulhos de chuva e músculos, não se preocupam com o que vão dizer ou pensar ou causar ou carregar, foda-se, que venha a morte mas antes se der pra gozar só mais uma vez, só mais uma vez, de barrigada ou caridade, é o princípio dos alcoólicos anônimos só que pra parar de morrer: só mais um dia vivendo. Os que não vivem quase enganam que são de verdade, com seus panos e movimentos e bens igualmente abandonados, mas ser de verdade sem “estar” não vale muito, pense bem.).
O mundo é dividido entre os que sentem o que gostariam (e não o que sentem) e os que não sentem mais e ufa, melhor assim. E no meio dessa merda toda, de vez em quando, aparece alguém de verdade. E apareceu, o cara dos desenhos, o cara dos desenhos. O cara dos uivos e pulos e rabiscos e jeito de olhar que dá vontade de uivar e pular e rabiscar. E eu senti bater no fundo, um murro, um tapa na cara no estômago. Esse cara tá aqui. Temos aí um ser humano em plena atividade de estar vivo e ser ele próprio. Essa espécie em extinção chamada pessoa, ou gente, ou cara. O cara dos desenhos.
Escolhi a tela do demônio do bem. Se o mundo fosse trilogia francesa ou pornochanchada brasileira, ele viria entregar o quadro de jardineira jeans e faríamos amor até essa minha cama vagabunda expulsar os gaveteiros que mamãe desenhou pensando na praticidade de uma casa pequena. Mas como a vida é chata, vou me contentar em dormir abraçada com o seu demônio do bem, sonhando com o dia que você vai olhar de novo tão profundamente pra mim que até ter pele me soou um desacato.

Blog da Tatii Bernardii

Você sabe que virou mulher quando consegue sair com um homem e :

 


1- não picotar o guardanapo do restaurante
2- não fazer desenhos com pequenos pedaços de palitinhos quebrados
3- não fazer bolinhas de miolo de pão
4- não falar de ex namorados
5- não falar da mãe
6- não falar sem parar
7- não escrever um texto sobre isso

(quase!)



sexo'*

Na semana passada, ele pintou um pontinho de caneta azul no meu dedinho. Isso foi a coisa mais sexual que me aconteceu nos últimos cem anos. Um pontinho de caneta azul no dedinho. Meu coração disparou e meu dedão do pé direito tentou estalar mesmo com a bota apertada. Um pontinho de caneta azul no dedinho. Uma língua na orelha é pau. Uma língua dentro da boca é pau. Pau é pau. Dedo é pau. Mas um pontinho de caneta azul no dedinho é como um espaço gigantesco de um pau que não existe. O maior pau do mundo que não existe. Não sei explicar, mas sei que é mais pau que pau.
Na semana passada, ele encostou o braço no meu, quando pediu emprestado meu carregador de celular. Eu emprestei e depois descobri que ele tem um Iphone. Então o quê? Não sei. Mas sei que aquele braço no meu foi a coisa mais sexual que me aconteceu nos últimos cem anos. Minha língua lutou bravamente contra o céu da minha boca. Uma vontade de me enfiar num buraco dentro do meu próprio buraco.
Nem nos olhamos, mal trocamos palavras, nem sei o nome dele, só o apelido. Mas eu gosto quando ele chuta sem querer a minha cadeira, no meio de uma reunião chata, e pede desculpas. Desculpa, e fala meu nome. Eu gosto de sentir os poucos centímetros que o pé dele causa no espaço entre a rodinha da cadeira e o meu corpo. Gosto de mudar de lugar no mundo por sua distração. Eu gosto que o chute é seco e decidido. E curto. E daqui a pouco mais um pouco. E desculpa, e fala meu nome.
Tudo isso é minha vida sexual do momento. Quando no elevador ele vira de costas pra apertar o andar e eu meço com meus dentes quantas mordidas dá uma lateral de pescoço. Quando ele espreguiça e o pedacinho de barriga que aparece tem o tamanho exato de uma lambida rápida. Essas coisas que quando vou ver, já pensei. Não, eu não quero mudar o texto, repensar o roteiro, arquitetar o layout. Eu queria mesmo era saber se sua cervical inteira secaria a minha língua numa lambida sem intervalo. E chego mesmo a abrir um pouco a boca, mas por fora é apenas um misto de cara de atenção com sinusite.
Na semana passada, porque talvez algumas coisas nos ultrapassem mesmo, ele beliscou com toda a força a minha cintura. E disse. Não sei. Acho que não disse nada. Ele riu à vontade, porque o tesão natural parece mesmo a coisa mais íntima do mundo. Nos conhecemos há mil anos, apesar de ser apenas a semana passada. E eu retribui unhando o seu cotovelo num belisquinho. Também sem dizer nada. E até agora não me caiu a ficha do quanto isso foi estranho. Ou caiu e eu nem pude experimentar essa estranheza, já que estou ocupada demais tentando entender porque algumas pessoas nos agradam pelo cheiro do pelo e não do perfume. São tantas obrigações entre uma sala e outra que ser bicho na copa parece férias.
Tudo isso foi a coisa mais sexual que me aconteceu nos últimos cem anos. E talvez eu nunca mais cruze com ele, porque ele nem é do meu andar e eu nem sinto nada de bonito. Mas por via das dúvidas me depilei e tenho sorrido mais. Uma mulher não precisa transar para estar transando.


Mentiras.



A pior relação é aquela baseada na mentira, que acaba por iludir, fazendo acreditar que temos o que não podemos ter aquilo que todos chamam de amor. E quando existe amor, se realmente há numa relação, não saberíamos o significado da palavra traição, porque quando realmente se ama não existe a necessidade de trair, muito menos o papo-furado de que a carne é fraca, pois muitos se deixam levar acreditando que com isso estarão se auto-afirmando. O melhor não seria por um fim antes de magoar alguém que não merece ser enganada dessa maneira? Fidelidade é essencial em todo e qualquer relacionamento. E se isso não for mais possível, que tal conhecer a lealdade e o arrependimento sincero? Não aquele que só dura um instante, pois é burrice cometer o mesmo erro de novo. Será que vale a pena o perdão? Se tudo isso destruiu o que há de mais belo e essencial num relacionamento: a confiança. A partir daí, ele não será mais o mesmo se insistir em continuá-lo, não terá mais jeito, já estará desgastado.




Algo que acontece uma vez, pode não acontecer uma segunda, mas se acontecer uma segunda vez, com toda certeza irá acontecer uma terceira.

autor desconhecido (..)

A vida é muito louca mesmo..


alguém aí sabe me dizer por que ex-namorados, ex-rolos e ex-casos continuam te ligando depois que tudo acabou e acham que ainda são prioridade na sua vida? Por exemplo : "Oi, tô passando aí do lado da sua casa, posso passar aí pra te ver?" ou então, o cara te liga ao meio dia pra almoçar com ele dali a uma hora, como se vc não tivesse mais nada pra fazer. Nada contra o cara querer te ver, ainda mais se rolou uma história bacana. O que eu acho estranho é esse imediatismo e essa cara de pau de achar que tem que ser agora, naquele momento. Se outrora ele já foi prioridade da sua vida, passou, não é mais. Parece que alguns caras ainda tem essa sensação de posse ridícula, de achar que vc vai estar sempre disponível para eles... Helllloooooo.

Se realmente for importante, ele liga e marca outro dia. Se não for, que é o que geralmente acontece, ele some de novo... PARA qe tá FEIO!

Bggs, queridos e até breve ;*