Então eu descobri, assim, quase sem querer, que eu também
sou egoísta, logo eu que sempre me gabei do fato de acreditar viementemente
naquela máxima de que ninguém é de ninguém. É, e talvez não seja mesmo. Quer
dizer, não é. Mas como poderia pensar nisso, naquele momento? Como eu poderia
me lembrar que eu não sou dona dele? Como poderia achar normal ele estar
sorrindo com outra, o mesmo sorriso que era destinado exclusivamente a mim?
Acho que tô começando a ficar meio psicótica. Ou talvez eu tenha sido sempre e
escondi isso tão bem que ninguém tenha notado, nem eu. Hoje, faz três dias que
não consigo dormir. E tudo por causa de uma mísera foto em preto & branco.
Fotos preto & branco são tão bonitas! Mas aquela não era, não era não.
Minha vontade era poder rasgar com minhas próprias mãos aquele registro de
felicidade que não era meu. Mas não pude, e nunca poderei. Acho que estou
enlouquecendo. Não durmo, como já disse, e quando durmo, só adormeço com aquela
imagem em meus pensamentos. Não é a foto, eu sei. É o que ela representa. A
felicidade dele sem mim. Mas que egoísmo o meu. Como poderia querer que ele não
fosse feliz, se eu estava sendo? Como poderia querer que não houvesse registros
daquilo que existiu? Eu não poderia. Eu não posso. Mas o que fazer com essa
raiva que eu senti, e ainda sinto por conta do que vi? E o pior ainda não
contei. Dou risada pensando nisso, porque é tão absurdo e psicótico que só
rindo mesmo, para afastar de mim, minhas próprias recriminações. Eu fico
pensando onde eu estava com a cabeça quando fiz aquilo. Nos pés? Só pode. Pois
é, cronologicamente falando, vi a foto, depois dei zoom na tecla do computador,
porque não estava acreditando no que eu estava vendo, e para bom entendedor,
era aquilo mesmo. Mas não me dei por satisfeita não, salvei a foto, recortei no
photoshop, salvei, e fui ver de novo, só o rosto dele desta vez, eu ainda não
estava ciente de que era mesmo ele.
Deixei salvo no computador as duas fotos, a original e a cortada. E elas
ficaram lá nos meus documentos por dois longos dias, olhando para mim, todas as
vezes que abria aquela bendita pasta. Foi aí que tive a mais inusitada ideia,
mostrar a ele e perguntar, mesmo já sabendo, na maior cara de pau, se era ele.
E imaginei a cena. Eu e minha cabeça fértil. Na cena eu perguntava e ele
respondia positivamente, e me perguntava de onde peguei aquela foto. Eu, como
se não fosse nada demais, diria, ora do facebook dela, onde mais? E ele me
perguntaria, o que eu pretendia com aquilo. E eu diria, não sei. Exatamente, o
que eu queria com aquilo? Me perguntei várias vezes, enquanto aquela cena
pairava no ar. Eu não queria absolutamente nada, além é claro, me martirizar,
ouvindo da boca dele que ele foi feliz sim, com outra, e isso não é nada
demais, ora, ele estava vivo, e apto a se
relacionar com quem bem entendesse, ele estava solteiro. O que quer dizer que não me traiu, não mentiu, não fez nada. Só foi divertir-se. Alegrar-se. Como eu mesma fiz. Olhei
novamente para as duas fotos, e as apaguei, jogando apenas na lixeira. Não sei
porque não tive coragem o suficiente, para apagá-las definitivamente. Coragem?
Hum, acho que não era esse o nome. Ainda estava com o famoso “pé atrás”, a
verdade é essa. Mais um dia de sonhos ruins. A foto estava na lixeira, eu não a
estava vendo mais com tanta frequência, mas nem precisava. Ela estava ali, em
algum cantinho do meu cérebro, e não queria sair. Até que tomei “coragem” e
apaguei definitivamente aquela maldita foto do meu computador, e não a vi mais,
até agora. Mas veja só, falando sobre isso, pensei que a foto logo voltaria a
povoar meus pensamentos, mas não. Ela
foi embora, junto com as que estavam no computador. Que bom! Acho que hoje eu
irei dormir bem. E que coisa, a tal foto me rendeu um texto!
Boa noite!
Por: Tami Macêdo
2 comentários:
QUe lINDOOO! Mais uma vez chorei com suas palavras!
Obrigada! Sinto muito se lhe fiz chorar.. Espero que se sinta sempre feliz aqui neste espaço!:D
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