segunda-feira, outubro 25, 2010

O anjo- amigo.




   Ele era o melhor amigo dela. Aquele que ela amava sem restrições. Aquele que ela confiava de olhos fechados. Ela via nele uma espécie de anjo. Ele não sabia voar, mas constantemente sabia tirar os pés dela do chão quando ele enchia o ego dela. Ele era um amigo pra todas as horas. Ela sentia que enquanto ele estivesse por perto, nada de mal lhe aconteceria. Até que um dia, ela descobriu que a amizade dele ocultava um sentimento maior. E ela não pôde corresponder o sentimento dele. Ela o amava, ninguém poderia duvidar disso. Ela o defendia mesmo quando sabia que ele estava errado. Ela queria bem a ele, mesmo quando ele a magoava. Ela nunca conseguia ficar com raiva. Ela queria ele perto para sempre, mas não da forma que ele a queria perto dele. Ele se escondia através da amizade que ela pensava que ele tinha. Ele amava ela. Ela amava ele. Ela via nele um protetor, um anjo , um amigo. Ele via nela, uma amiga, uma mulher, uma futura namorada.
  Ela contava tudo pra ele. Ela não sabia o quanto ele se magoava. Ela percebia certas atitudes diferentes dele, mas na verdade ela nunca quis acreditar que fosse possível, por ela, ele se apaixonar. Ela nunca quis dar esperanças a ele. Se as deu , não foi propositalmente. Ele confessou seu amor por ela. Ela levou o maior susto de sua vida. Foi como se tivessem lhe cortado o coração. Quase uma apunhalada. Ele a traiu. Ele se traiu. Ele fingiu todo o momento uma amizade que talvez ele nunca tivesse por ela. Ela sofreu. Ela não sabia de mais nada. Ela não acreditava mais nele. Ela achava que o tempo todo , o carinho dele foi uma mentira, uma máscara, que ele sempre usou, sabendo que só assim ela estaria perto dele. Ele se afastou. Ela aceitou.
  Ela esperou que ele voltasse e dissesse que tudo era uma confusão louca da cabeça dele. Ela esperou que ele dissesse que ele ainda queria a amizade dela. E só. Ele não fez isso. Ela perdeu o seu anjo. Ela perdeu a quem ela mais amou. Ela perdeu uma parte dela. Ela perdeu ele , e não conseguia se acostumar com a falta que ele fazia. Sempre que tinha alguma coisa pra contar, era pra ele que ela corria. Ela queria tanto se desculpar com ele por não gostar dele do jeito que ele queria. Ela não tinha culpa. Ela não conseguia ver ele como outra coisa senão como um amigo, um irmão. Ela ainda amava ele, e tinha que conviver com isso sozinha. Ele passava por ela como se nem a conheçesse. Ela sofria com a indiferença dele. Mas sabia que essa indiferença poderia ser a única maneira que ele tinha encontrado pra esquecer que o amor que ele sentia por ela, era maior do que o de um amigo.
  Ela esperou que ele voltasse. Ela esperou que quando ele voltasse ainda fosse o amigo que ele sempre foi. E ele sempre soube que apesar de tudo ele ainda tinha o amor e a amizade dela. E por isso ele voltou. Ele voltou porque percebeu que tinha confundido as coisas. Ele voltou porque antes de qualquer coisa, ele adorava ser o anjo dela.

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